20/08/2014

APAE completa 50 anos de história no Distrito Federal


Neste dia 20 de agosto, a APAE do Distrito Federal completa 50 anos desde a sua fundação. A história do Movimento Apaeano no Distrito Federal começou quase que simultaneamente com a criação da nova capital federal. Foi no dia 20 de agosto de 1964 que a APAE-DF (ainda chamada APAE Brasília) teve sua fundação registrada numa sala do gabinete de psicologia da Secretaria de Educação do Distrito Federal. Na ocasião, foi nomeada uma diretoria provisória, tendo a Sra. Dalila de Castro Lacerda como presidente, esposa do então Ministro da Educação e Cultura, Sr. Flávio Suplicy de Lacerda. Como presidente de honra, ajudando a estruturar as diretrizes da nova associação, foi escolhida a pesquisadora e pedagoga de origem russa, Sra. Helena Antipoff , pioneira da educação especial no Brasil e que chegava à cidade para as comemorações da 1ª Semana Nacional do Excepcional (futuramente rebatizada de Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla).

Helena Antipoff (ao centro) – 1ª presidente de honra da APAE-DF

A criação de uma APAE em Brasília foi uma reivindicação de famílias de pessoas com deficiência que já necessitavam do apoio de instituições filantrópicas, uma vez que as estruturas do Estado na nova capital ainda estavam em construção. Desde então, por estar situada numa unidade federativa relativamente pequena, a APAE-DF passou a assumir o status equivalente de federação estadual do Movimento Apaeano.

Apesar de fundada quatro anos após a inauguração de Brasília, a APAE-DF não começou sua história realizando atendimentos diretos a pessoas com deficiência. Sem uma sede própria, o trabalho da Associação era o de atuar na defesa de direitos, captar recursos para atendimentos temporários, inclusive em favor de outras instituições, e promover reuniões itinerantes entre familiares para a troca de experiências e aconselhamentos. Por 25 anos, esses foram os principais focos da entidade, que já percebia a crescente demanda por atendimentos especializados para pessoas com deficiência intelectual e múltipla da cidade.

APAE-DF reivindicando direitos na Praça dos Três Poderes

Por iniciativa voluntária de algumas profissionais do ensino especial, lideradas pela professora Maria Helena Alcântara de Oliveira e com a colaboração da psicóloga Erenice Carvalho e da pedagoga Jacinta Fonte Guimarães, a APAE-DF elaborou, em 1985, o seu primeiro projeto de atendimento especializado contínuo para pessoas com deficiência. Verificando as demandas sociais deste público na cidade, a equipe percebeu que a maior carência de atendimentos especializados estava concentrada nos jovens e adultos com deficiência intelectual. Ao deixarem a escola regular, esses cidadãos não se beneficiavam de praticamente nenhuma política pública, ficando à margem da sociedade e reforçando vínculos de dependência em relação às famílias. A partir desta constatação, surgiu a ideia de direcionar o trabalho da instituição para a educação profissional e inserção desses jovens e adultos no mundo do trabalho. A proposta era criar uma metodologia de formação que não se focasse apenas nos comprometimentos desse público, mas que considerasse prioritariamente as suas virtudes e potencialidades. Era preciso enxergá-los em sua totalidade.

O projeto inicial elaborado pela equipe de professoras foi apresentado e, depois quatro anos de ajustes e negociações, a entidade conseguiu firmar seu primeiro convênio com a Secretaria de Educação do DF, iniciado informalmente em 1989 e assinado em 1990. O órgão cedeu alguns professores e a equipe gestora da entidade viabilizou os demais recursos necessários para os atendimentos. Com a conquista de algumas salas cedidas pela Companhia Imobiliária de Brasília e com cerca de 20 aprendizes, a APAE-DF deu os primeiros passos práticos do programa de educação profissional e trabalho que se tornaria referência no movimento décadas depois.

Anos 89/90: início das oficinas profissionalizantes da APAE-DF Foto: Arquivo APAE-DF

A Associação desenvolveu seu trabalho com base nas pesquisas de seus professores, nas referências do educador e filósofo Paulo Freire, nas contribuições de outros pensadores da educação, na teoria das inteligências múltiplas, nas contribuições dos familiares e, principalmente, na experiência prática e diária com seus aprendizes. Novas unidades de atendimento foram surgindo além de Brasília – nas cidades do Guará, Ceilândia e Sobradinho – e a diversidade de perfis percebida no público com deficiência intelectual (alguns com outras deficiências e/ou transtornos associados) exigiu novos aperfeiçoamentos na metodologia, que se tornou mais dinâmica e flexível.

O Programa de Educação Profissional e Trabalho (EPT) passou a se estruturar em três etapas: 1º) a formação básica para o trabalho (para desenvolver habilidades comuns a qualquer profissional) , 2º) a qualificação profissional (para desenvolver habilidades específicas da futura profissão) e 3º) a colocação profissional (com o devido acompanhamento para a perfeita inserção do educando no mundo do trabalho). Paralelamente, a partir dos anos 2000, a instituição criou um Programa Acadêmico para ampliar o nível real de escolaridade dos aprendizes e favorecer sua inserção no trabalho. Atividades complementares de informática, arte, esporte, cultura e lazer foram incorporadas ao programa, beneficiando o desenvolvimento integral dos aprendizes. Nas áreas de saúde e bem estar, todos os alunos, desde a sua entrada na instituição, também passaram a contar com o trabalho do SAM - Serviço de Atendimento Multiprofissional, com profissionais das áreas de assistência social, nutrição, psicopedagogia, psicologia e terapias ocupacionais.

Entre os grandes sucessos da história da APAE-DF está a qualificação profissional para o trabalho apoiado, modalidade em que o profissional com deficiência (ou um grupo deles) é contratado conjuntamente com um instrutor. O principal projeto na área surgiu em 2006, em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), onde a APAE-DF mantém uma oficina de qualificação nas áreas de higienização, conservação e pequenos reparos de bens culturais (livros e documentos). A instituição já conseguiu formar e contratar seis equipes de trabalho apoiado, que prestam serviços nas bibliotecas do Senado Federal, Câmara dos Deputados, Ministério das Relações Exteriores, STF, INEP e TSE.

Oficina de higienização de livros da APAE-DF na UnB

Outra importante iniciativa foi o Projeto de Atletismo, que acumula medalhas em competições nacionais e internacionais, viabilizando a formação de vários atletas de alto rendimento, beneficiados inclusive pelo Programa Bolsa Atleta do Governo Federal.

Adriele de Moraes e Hiago Moreira: altletas da APAE-DF e, respectivamente, recordista sulamericana e recordista nacional do Salto em Distância T20

A APAE-DF também não fechou os olhos para outra demanda social ampliada ao longo das últimas décadas. Desde 2003, a entidade desenvolve um Programa Sócio-ocupacional voltado para pessoas com deficiência intelectual em processo de envelhecimento e/ou com comprometimentos que inviabilizam sua entrada no mercado competitivo de trabalho. A proposta é resgatar ou desenvolver a autonomia deste público para ações do dia a dia, trabalhando a independência em atividades como organização do lar, preparo dos próprios alimentos, cuidados com higiene pessoal e beleza, atividades físicas e artísticas, comunicação interpessoal e trabalhos artesanais como hobby ou para a geração de renda. Por ser um público que cresce a cada dia, a instituição já negocia a ampliação dos atendimentos por meio da criação de novas unidades de centro-dia e residências inclusivas.

Sócio-ocupacional: envelhecimento com maior autonomia

Atualmente, a APAE-DF beneficia cerca de 650 jovens e adultos com deficiências por ano. Embora mantenha convênios com o Governo do Distrito Federal, por meio de suas secretarias de Educação, Desenvolvimento Social e Saúde, os principais financiadores da entidade continuam sendo os contribuintes da comunidade, pais, familiares e amigos. São esses colaboradores voluntários que fazem a diferença na vida das pessoas com deficiências beneficiadas pela Associação e a quem a nossa instituição dedica suas vitórias.

ALGUNS DOS PRINCIPAIS FATOS DA HISTÓRIA DA APAE/DF

1964 – FUNDAÇÃO DA APAE DE BRASÍLIA 
No dia 20 de agosto, numa sala do gabinete de psicologia da Secretaria de Educação do Distrito Federal, reunindo pais de pessoas com deficiência intelectual e professores, foi assinada a fundação e nomeada a diretoria provisória da APAE Brasília, tendo a Sra. Dalila de Castro Lacerda como presidente, esposa do então Ministro da Educação Flávio Suplicy de Lacerda. Foi escolhida como presidente de honra da associação a Sra. Helena Antipoff , que chegou à cidade naquele dia para as comemorações da Semana do Excepcional. Durante seus primeiros 25 anos, enquanto não conquistava sua sede, a Associação atuou na defesa de direitos da pessoa com deficiência e na captação de recursos para apoio às famílias mais carentes ou para a manutenção das demais entidades em prol do mesmo público.

1983 - CONQUISTA DE TERRENO DA SEDE
Com recursos doados pela comunidade, a APAE adquiriu o terreno de sua atual sede, na 711/911 Norte. No dia 12 de dezembro, foi realizado o lançamento da pedra fundamental da futura sede e posse da nova diretoria (84/85), com as presenças do governador do DF, Cel. José Ornellas de Souza Filho, do arcebispo de Brasília José Newton Batista, e do presidente das organizações Globo, jornalista Roberto Marinho, que recebeu inclusive o título de sócio honorário da Federação Nacional das APAEs, entregue pelo então presidente da Federação, Sr. Elpídio Araújo Neris, pelos serviços prestados em favor da pessoa com deficiência.

1989 – INÍCIO DA PROFISSIONALIZAÇÃO
Em agosto, foi criada a primeira oficina de Educação Profissional da APAE/DF. A Terracap cedeu salas num prédio localizado na W3 Sul e a Associação abriu sua primeira turma com cerca de 20 aprendizes. 

1990 - ASSINATURA DO PRIMEIRO CONVÊNIO
Em 30 de outubro, a Associação fechou seu primeiro convênio com a Fundação Educacional do DF, que passou a ceder professores para atuação na APAE. Era o início oficial do Programa de Educação Profissional e Trabalho. 1994 – INAUGURAÇAO DA SEDE NA ASA NORTE - Como o apoio de recursos da comunidade e de fundos de apoio do governo, a APAE conseguiu construir instalações no seu terreno adquirido na Asa Norte (711/911) e inaugurou sua nova sede no dia 24 de março.

1995 – CRIAÇÃO DA UNIDADE DE CEILÂNDIA
A Corde Nacional aprovou o projeto da APAE e cedeu recursos para a construção do primeiro núcleo cooperativo da Associação fora da Sede, na EQNN 6/8 de Ceilândia, em terreno cedido pela Administração Regional. A inauguração foi no dia 12 de maio.

1998 - CRIAÇÃO DA UNIDADE DO GUARÁ
Com a cessão de algumas salas no prédio do Rotary Club da cidade, na QE 38, foi possível abrir um novo núcleo da APAE/DF fora da sede. A inauguração foi no dia 18 de março.

1998 - INICIO DO SERVIÇO DE TELEDOAÇÕES
Para favorecer a conquista de novos doadores e garantir a continuidade dos atendimentos da APAE/DF, a Associação criou uma equipe de operadores de telemarketing e mensageiros que iniciou seus trabalhos no dia 14 de agosto.

2003 - INICIO DO PROGRAMA SÓCIO-OCUPACIOANAL
A partir do conceito das Oficinas Protegidas Terapêuticas (definidas no Decreto nº 3.298/99), a APAE/DF criou em março uma “casa modelo” para atendimentos de um novo público, as pessoas com deficiência em processo de envelhecimento. O objetivo era desenvolver maior autonomia para atividades da vida diária e melhorar a qualidade de vida. 3.298/99.

2005 - INAUGURAÇÃO DA UNIDADE DE SOBRADINHO
Com o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e da Embaixada da Finlândia no Brasil, foi criada essa quarta unidade da APAE-DF, com inauguração no dia 23 de março. A unidade de Sobradinho, por estar situada num terreno com área de preservação ambiental, focou suas oficinas nas áreas de cultivo verde principalmente, seu diferencial até hoje.

2006 – INÍCIO DO PROJETO DE HIGIENIZAÇÃO DE LIVROS
No fia 16 de outubro foi realizada a Cerimônia de lançamento do Projeto de Higienização de Bens Culturais na UnB, com a implantação de uma oficina de qualificação profissional na Biblioteca Central da Universidade de Brasília.

2006 - INAUGURAÇÃO DA COOPERATIVA INCLUSIVA MARIA FLOR
Com o apoio da Petrobras, a APAE/DF conseguiu formar uma primeira cooperativa de trabalho de pessoas com deficiência intelectual e seus familiares, inaugurada no dia 21 de novembro. Focada na produção de forminhas de bolos e doces para festas, a cooperativa contou com a assessoria da APAE durante seus primeiros anos, até passar a seguir com sua gestão autônoma.

2009 - INAUGURAÇÃO DO TELECENTRO APAE ACESSÍVEL
Com o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia e do Grupo Caixa Seduros, o telecentro foi montado na sede da associação num espaço de cerca de 200 m², envolvendo um laboratório com computadores adaptados para uso de pessoas com todos os tipos de deficiência e uma biblioteca. A inauguração foi no dia 22 de setembro.

2014 – UNIDADE DO GUARÁ CONQUISTA NOVO ESPAÇO
Com o apoio da Administração do Guará, a APAE/DF viabilizou a cessão da chamada “Casa das Pedras” numa cerimônia realizada no dia 15 de agosto.


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