29/08/2012

Ator e pedagogo com síndrome de Down relata preconceito e superação



Publicado no G1 
Com informações da BBC Brasil 

Pablo Pineda tornou-se uma celebridade na Espanha. Não só por ser o primeiro portador de síndrome de Down que obteve um diploma universitário na Europa, mas também por atuar como protagonista do filme "Yo, También", de 2009, que narra a história de um agente social que se apaixona por uma colega de trabalho. 

Aos 37 anos, Pineda tem licenciatura em Pedagogia e falta pouco para concluir a segunda graduação, também em um curso de magistério. Seu próximo projeto agora? Conseguir uma carteira de motorista. 

"Quero tirar o documento porque nunca um portador de síndrome de Down foi visto dirigindo. Seria uma conquista muito importante para nós, além de me dar independência", disse Pineda à BBC Mundo, o serviço da BBC em espanhol. 

O ator é um dos rostos mais conhecidos de uma geração de jovens com síndrome de Down que vem rompendo limitações pessoais, profissionais e acadêmicas.

Outro exemplo famoso é o de Karen Gaffney, também formada em pedagogia, que quer se transformar na primeira portadora de síndrome de Down a cruzar a nado os mais de 14 quilômetros do lago Tahoe, nos Estados Unidos.

Além de Pineda e Gaffney, a japonesa Aya Iwamoto, também com a síndrome, ganhou fama ao conquistar um diploma inédito em literatura inglesa. 

Segundo Pineda, não existem pessoas não-capacitadas, mas sim pessoas com "capacidades distintas". Para ele, a sociedade deve evoluir a um estágio de maior pluralidade, em que os portadores de síndrome de Down não sejam tratados como crianças e possam desenvolver suas capacidades e independência desde cedo. Veja a entrevista da BBC:



BBC Mundo: Como você se sente sendo o primeira portador da síndrome de Down que concluiu um curso universitário na Europa?
Pablo Pineda: Acho que estou na linha de frente de uma guerra, o que é inconveniente. É preciso lutar, se meter na sociedade quando o mundo do Down normalmente segue outro caminho. Agora, fui inserido no grupo das pessoas consideradas "normais", enquanto os demais têm suas próprias associações, seus pais, seu pequeno mundo. Não é que eu me sinta ilhado, mas é muito difícil lutar em uma sociedade normatizada – ter uma identidade Down quando o mundo Down funciona de forma paralela. 

BBC: Em que sentido essa divisão é percebida? 
Pineda: Por exemplo, se for a um bar beber um drink. Agora, a reação não é tão frequente, mas antes as pessoas me perguntavam: "Você vai sozinho?". Ou algumas pessoas na rua me pegam pelo braço e me ajudam a atravessar a rua. Ou quando é época de eleições e vou votar, me perguntam "Mas você pode votar?". Acontece também de ir a um restaurante com meus pais e me servirem água em vez de vinho. Em outra ocasião, fui à praia e um grupo de guardas civis veio me perguntar se eu estava bem. "Sim, perfeitamente." São histórias curiosas, mas, como você pode notar, são nessas pequenas atitudes que as pessoas demonstram seus preconceitos.

BBC: Como você conseguiu se formar na universidade?
Pineda: Devo tudo aos meus pais, que foram fundamentais para o meu sucesso, pois há anos eles decidiram que eu seria como o resto dos meus irmãos. Foi assim que tudo começou. Frequentei as mesmas escolas (que meus irmãos), e eles não esperavam que eu chegasse à universidade, mas fizeram de tudo para que eu estivesse sempre em contato com as pessoas. Eu não me dava conta no princípio. Quem lutou por mim foi minha mãe, que foi ao colégio, falou com o diretor. Para eu entrar no instituto, os professores tiveram que fazer uma votação, na qual acabei vencendo. No começo, foi difícil ir à aula dos professores que votaram "não", mas acabei, pouco a pouco, conquistando todos eles.

BBC: Como era sua metodologia de estudo? 
Pineda: Minha resposta vai surpreendê-la. Eu sempre estudo em voz alta, pois aprendo com mais facilidade. Eu leio, falo comigo mesmo e com as pessoas ao meu redor e, assim, entendo. Dou ênfase, faço gráficos, resumos. Não é um sistema só de memória, já que um assunto não é fácil de ser memorizado se não é entendido. Eu o compreendia, o explicava e o "mastigava" bem.

 BBC: Mas quando falei com a Associação Britânica de Síndrome de Down, me disseram que seu caso é pouco comum e ainda é a exceção... 
Pineda: Fico bastante chateado que eles tenham dito isso, porque passam uma mensagem de acomodação, como se não fosse possível avançar mais, como se não fosse possível ajudar essas pessoas. Eu não acredito que isso seja verdade. Sempre digo aos pais que não vejam apenas que obtive um diploma universitário ou fiz um filme. Isso não é importante. O importante é dizer a seus filhos que eles podem e que os pais precisam ensiná-los e estimulá-los. A partir disso, qualquer um pode fazer o que quiser. 

BBC: Que conselho você daria aos pais? 
Pineda: Não sou eu quem deveria dar conselhos, porque neste mundo, e no mundo da síndrome de Down, cada caso é um caso. O que eu diria, em primeiro lugar, é para cada um confiar nas suas possibilidades. A partir daí, deve-se estimular ao máximo que as crianças com Down tentem superar seus limites. 

 BBC: Na sua opinião, qual capacidades as pessoas com Down deveriam aproveitar melhor?
 Pineda: Através da fundação Adecco (que ajuda pessoas com deficiências a encontrar empregos), tratamos de fazer com que os empresários mudem seu "chip" e essas ideias pré-concebidas. Queremos que as pessoas vejam a "deficiência" como uma oportunidade. Eu sempre digo a empresários que pessoas com "deficiência" podem fazer muitas coisas. Temos muito talento quando isso é explorado. Podemos melhorar as empresas com nossa pontualidade, nosso comprometimento. É preciso aproveitar esse talento, não jogá-lo no lixo. 

BBC: E sobre o sistema de educação? O que é preciso mudar?
Pineda: Se fosse para falar sobre isso, eu me estenderia de forma brutal. Esse sistema precisa ser mudado completamente. É necessário que seja um sistema mais rico, mais plural, diverso, uma sociedade com valores melhores, e não encarado como um problema ou defeito. Há tantas coisas a serem mudadas. Mas, em vez disso, preferem nos sustentar, nos mantendo em associações para não haver mudança. 

BBC: Você conseguiu se tornar independente? Quais são seus projetos?
Pineda: Vivo com minha mãe. Meu pai morreu recentemente e estamos os dois sozinhos. A verdade é que viver com os pais tem muitas vantagens. A comodidade de casa, a ausência de responsabilidades, tudo isso faz viver com mais conforto, apesar de, às vezes, nós nos cobrarmos quando é que vamos nos tornar independentes. No entanto, o preço de uma moradia é uma limitação. A crise econômica não ajuda e os planos vão por água abaixo. Sou o único que ficou em casa, pois todos meus irmãos se casaram, têm filhos e, quando eu me tornar independente, minha mãe vai ficar muito sozinha. Nós dois vivemos juntos e nos admiramos muito.

28/08/2012

Manhã Interativa encerra a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência no DF


Terça-feira (28) foi o último dia da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, comemorada sempre no período de 21 a 28 de agosto. Para encerrar a programação no Distrito Federal, a APAE-DF promoveu uma Manhã Interativa para seus aprendizes, familiares e comunidade. Uma série de atividades educativas e de lazer, além de atendimentos gratuitos de saúde e bem estar, foram oferecidos na sede da Associação. Alguns parceiros apoiaram o evento, realizado das 9h às 12h. 

Na área de Saúde, profissionais de Nutrição realizaram a pesagem, a medição de altura e cálculo do Índice de Massa Corpórea (IMC) dos frequentadores. Orientações nutricionais foram oferecidas aos interessados em perder peso. 





Testes gratuitos de glicemia, realizados por uma voluntária da Associação com o apoio dos laboratórios Roche, também foram bastante procurados durante o evento. 


A academia AC Sport, parceria da unidade da APAE/DF em Sobradinho, trouxe aulas de alongamento e dança para os aprendizes. As atividades foram realizadas no pátio da instituição, com o acompanhamento do professor de educação física da unidade. 




A equipe de estética do Studio Marques Paiva, parceira da unidade da APAE-DF de Ceilândia, realizou serviços gratuitos de hidratação capilar, corte de cabelo e escova, além de cuidados com unhas de pés e mãos. As atividades foram realizadas na oficina de higiene e beleza do Programa de Atendimento Sócio-ocupacional. 





Massagens e exercícios de relaxamento também foram oferecidos, com o gentil apoio da equipe Inovação Saúde, que trouxe equipamentos e montou seu espaço ao ar livre. 



Algumas oficinas também forma oferecidas para o público presente: artesanato com reciclagem de materiais, dobraduras, produção de bolas natalinas e customização de camisetas com técnica de grafitagem. 




Em 2012, a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla trouxe como tema referencial: “Em busca de Igualdade. Estamos aqui”

 Veja mais fotos do evento, CLIQUE AQUI!


27/08/2012

Aprendizes da APAE recebem mais um almoço exclusivo de Dudu Camargo


Pelo 15º ano consecutivo, Dudu Camargo, empresário e renomado chef de cozinha da capital, ofereceu um almoço exclusivo para os 400 aprendizes da APAE do Distrito Federal. Um dos eventos mais aguardados pelos alunos com deficiência intelectual e múltipla da Associação, o almoço foi realizado nesta segunda-feira (27) e marcou dois períodos especiais: o aniversário de 48 anos de fundação da APAE-DF (completos no último dia 20) e a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla (realizada no período de 21 a 28 de agosto).

O chef e sua equipe preparam um cardápio generoso, com arroz branco, feijão preto, pernil de porco assado, acebolado com molho rústico, penne à bolonhesa, frango assado, coxa e sob coxa de frango, farofa de ovos, salada e maionese. Como sobremesas, sorvetes de chocolate e morango fizeram a festa dos aprendizes, com direito a diversas caldas, marshimelows, farofa doce, confetes e jujubas de cobertura. A equipe também disponibilizou refrigerantes para todos os participantes e até um palhaço foi encaminhado , tudo oferecido sem nenhum custo para associação. Até os funcionários e voluntários da entidade foram agraciados com a festa promovida por Dudu. 








Antes do almoço, a equipe de artes preparou sua homenagem para o empresário. Dois aprendizes da Associação fizeram um número de dança com fitas enquanto professores e alunos tocaram interpretaram a música “oração”, sucesso da “Banda mais bonita da cidade”.






 Dudu foi chamado ao microfone e, mesmo emocionado, agradeceu pelo carinho e falou do prazer em contribuir com o trabalho da Associação. O chef também foi presenteado com uma escultura de talheres - obra de um artista plástico de Sobradinho - e com um cartão personalizado produzido pelos aprendizes da oficina de artes visuais. 







Disponível como sempre, Dudu acompanhou sua equipe a servir pessoalmente todos os aprendizes que participaram do evento. Um por um, os 400 alunos atendidos nas unidades da Associação em Brasília, Guará, Ceilândia e Sobradinho puderam se aproximar do empresário e aproveitar o cardápio especial. 





Embora já tenha colaborado financeiramente com a Associação em diversos momentos nesses 15 anos de parceria, Dudu acaba sendo um exemplo diferenciado de colaborador. Ele prova que, para contribuir, não é preciso apenas pensar em dinheiro. Prova que o trabalho voluntário tem valor imensurável, pois sobrepõe o simples resultado conquistado com o dinheiro oferecido ou do serviço prestado. A interação, a troca de olhar, o acolhimento presencial são grandes inciativas contra o preconceito. Essas ações favorecem a autoestima dessas pessoas que, mesmo apoiadas financeiramente por alguns, ainda se sentem rejeitadas pela sociedade no dia-a-dia. Não ter medo de conviver com a pessoa com deficiência ou criar oportunidades de trabalho para esse indivíduos são ações fundamentais para o processo de inclusão. Dudu Camargo é exemplo nos dois casos.

Em nome de todos os aprendizes, a APAE-DF agradece o carinho e a generosidade de Dudu Camargo e sua equipe. Muito obrigada por mais esse dia especial na memória de nossos jovens e adultos.



Mais fotos do evento, clique AQUI! 

23/08/2012

Ações Sociais marcam a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência


Continuando a programação da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual a Múltipla, as unidades da APAE/DF em Ceilândia, Sobradinho e Guará realizaram uma série de atividades sociais com seus aprendizes ou parceiros nesses dias 22/08 (quarta) e 23/08 (quinta).

A unidade de Ceilândia realizou, no dia 22, o seu Torneio de Futsal e Queimada. Os aprendizes foram divididos em equipes e disputaram as provas na quadra comunitária da EQNN 6/8 de Ceilândia, das 8h às 11h. Já no dia 23, a coordenação da unidade realizou um encontro de confraternização com seus empresários parceiros. Eles foram recebidos às 9h com um café da manhã especial. 

 A unidade de Sobradinho, na manhã do dia 22, recebeu alguns profissionais da Leroy Melin para que vivessem um “dia de aprendiz” nas instalações da Associação. Eles conheceram a rotina dos alunos e puderam compreender o trabalho desenvolvido pela APAE na cidade. Já no dia 23, os aprendizes visitaram e tiveram um dia de ações socioambientais na Fazenda Malunga, no Núcleo Rural do PAD/DF.

 A unidade do Guará promoveu atividades culturais em favor dos seus aprendizes. No dia 22, por volta das 13h, os alunos visitaram a Exposição ‘‘Amazônia – Ciclos de Modernidade’’ do CCBB Brasília. Já no dia 23, eles tiveram uma sessão de cinema no ParkShopping no período da tarde. 

 As três unidades paralelas da APAE/DF também participaram dos demais encontros gerais promovidos pela sede da Associação. Em 2012, as ações da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla tiveram como terma referencial: “Em Busca de Igualdade. Estamos Aqui”.


APAE-DF realiza manhã esportiva com a presença de Romário

 
Como parte da programação da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, a APAE/DF realizou nesta quarta-feira (23) uma Manhã Esportiva Interativa. O evento foi realizado no Centro de Ensino Fundamental Nº 07 de Brasília e envolveu partidas de vôlei, futebol, basquete, queimada e tênis de mesa. Os jogos envolveram times mistos entre aprendizes da APAE-DF, do CEF 07 e dos colégios Santa Dorotéia e CorJesu. 
 
 
 
Ao som de muitos gritos e pedidos de autógrafo, o deputado federal Romário também foi recebido durante o evento. Ex-jogador de Futebol, ele deu o pontapé inicial numa das partidas e bateu bola com alguns alunos das diversas instituições. 
 
 
Romário falou da emoção de participar da Semana Nacional, que acontece simultaneamente em 2.800 Apaes de todo o Brasil. "Para mim é uma grande satisfação participar desse evento. Entrei na política com esse objetivo de ajudar as pessoas com deficiência. Depois que tive minha filha Ivy, notei as dificuldades que as pessoas têm em educar seus filhos especiais. Principalmente os com menores condições financeiras", declarou.
 
 
A presidente da Apae DF, Diva Marinho, disse que o parlamentar conseguiu em apenas seis meses de mandato aprovar um benefício que era reivindicado há 10 anos. Diva se refere à aprovação da alteração do Benefício de Prestação Continuada (BPC), que concede um salário mínimo a pessoas de baixa renda com algum tipo de deficiência. 
 
 
 
Além das provas esportivas, os participantes também puderam dançar ao som de um DJ, numa pista improvisada ao ar livre. Durante todo o evento, os alunos provaram que, independente das diferenças que podemos apresentar, a interação e o convívio social entre pessoas com e sem deficiência é possível e muito positiva.