Ali, celebravam-se as vitórias de quem luta pelos direitos e por uma melhor qualidade de vida dos que possuem algum tipo de deficiência, intelectual ou múltipla. “A situação melhorou nos últimos anos. Devagarinho, a sociedade começa a se conscientizar de que essas pessoas precisam ser incluídas. Somos todos diferentes, mas temos direitos iguais”, destacou a presidenta da Apae/DF, Maria Helena Alcântara de Oliveira.
Passo a passo
Antes de mergulhar no mercado, os alunos participam de várias etapas preparatórias, entre elas um exame de orientação vocacional e o desenvolvimento das habilidades profissionais. A avaliação para o trabalho é feita por lá mesmo. Depois das noções básicas, eles assumem postos na cozinha, na lavanderia, na portaria, no departamento de xerox, na limpeza, em serviços bancários e no atendimento ao público das unidades em que são aprendizes. Só depois de se sentirem preparados é que podem se candidatar a posições em empresas reais.
O cardápio da festança que homenageou os alunos incluía salada variada, lasanha, arroz, feijão, dois tipos de carne e sorvete de sobremesa, e foi elaborado, pela 14ª vez seguida, pelo chefe Dudu Camargo. Uma amiga era voluntária da instituição e o aproximou dos alunos. O primeiro banquete foi servido para 50 inscritos nas oficinas, mas Camargo foi ganhando intimidade e o mimo gastronômico para os alunos já virou tradição. “O almoço é um ritual de transferência de carinho, eles curtem muito e os professores contam que esperam por esse dia”, comentou. A animação é tanta que ele faz questão de preparar todos os pratos. “Fiz de tudo, desde picar pepino. Passei a tarde inteira de terça-feira na cozinha.”
Lição de vida
Um dos pupilos da associação a conquistar espaço em uma das casas de Dudu é Daniel Barbosa de Sousa, 22 anos. Com deficiência intelectual moderada, ele aprendeu os primeiros segredos de uma cozinha na instituição. No começo, garantiu ter dificuldades com algumas tarefas, como lavar louça, limpar o chão e ajudar no preparo da comida. Mas depois tomou gosto pela coisa e até sonha com incursões mais complexas pelo mundo da culinária. “Depois de aprender a lavar louça, passei a gostar muito de limpeza. Hoje faxino a casa toda, com a ajuda da minha irmã. Mas queria mesmo era ser chefe de cozinha um dia”, contou.
Prática que a aluna Daiane Rodrigues, 27 anos e há um frequentando as oficinas, pretende conquistar. Mas os efeitos do investimento já a deixam toda orgulhosa. “Antes era meio tímida, mas agora aprendi a falar com as pessoas”, destaca a jovem, que já atuou na lavanderia e agora é responsável pelo serviço administrativo, como atender telefones, anotar recados e ajudar nos serviços variados. “Quero ser vendedora de loja, principalmente se for um armarinho. Gosto muito de arrumação”, confidencia. Se seguir o exemplo dos colegas, Daiane pode arregaçar as mangas, pois as oportunidades virão.
1 - Programa de apoio
A Lei nº 8.213, de 1991, determina que as empresas com 100 ou mais funcionários são obrigadas a preencher de 2% e 5% de seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, na seguinte proporção: nas empresas com até 200 empregados, as categorias citadas na lei devem corresponder a 2% do total. Se houver entre 201 e 500 contratados, o percentual sobe para 3%. Caso o contingente de funcionários fique entre 501 e mil, 4% deles devem corresponder a reabilitados ou portadores de deficiência. No caso de companhia com equipe superior a mil membros, 5% deles devem atender a esses critérios.
Colabore com a Apae
As doações de empresas podem ser deduzidas do imposto de renda até o limite de 2% do lucro operacional da pessoa jurídica (antes de computada a dedução. Quem quiser fazer doações constantes, via débito em conta, pode entrar na página da instituição, preencher uma ficha e entregar em uma das quatro unidades. A instituição também pode buscar fichas. Os pedidos devem ser feitos pelo telefone 2101-0452. Os endereços para entrega são SGAN 711/911 Norte – Conjunto E, no Plano Piloto; EQNN 6/8 – Área Especial, em Ceilândia; QE 38, Área Especial, no Guará II; Quadra 9 – SAI 08, Lotes A e B, em Sobradinho. A Apae/DF realiza oficinas de pré-profissionalização, e qualquer material didático é sempre bem-vindo. Para fazer doações, entre em contato com a coordenação administrativa, pelo telefone 2101-0457. Para fazer trabalho voluntário, não é preciso nenhum conhecimento específico. Os interessados podem preencher ficha disponível na página eletrônica da instituição (www.apaedf.org.br).
As doações em dinheiro podem ser depositadas nas contas abaixo:
Bradesco – Agência 606 –
Conta-corrente: 173625-6
Banco do Brasil – Agência 1236-X –
Conta Corrente: 40249-4