18/02/2011

Supremo recebe profissionais com deficiência intelectual



Matéria publicada na intranet do Supremo Tribunal Federal.
(20/01/2011)

A Coordenadoria de Gestão Documental e Memória Institucional (CDOC), subordinada à Secretaria de Documentação do Supremo, recebeu em janeiro quatro novos profissionais em higienização, conservação e pequenos reparos de bens culturais. Todos eles são deficientes intelectuais integrantes da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE/DF), contratados para trabalhar no Tribunal em razão de um acordo firmado em dezembro de 2010 com essa instituição.

Guilhermo Cavalcanti, Diego Miranda, Adriano Oliveira e Haroldo Martin fazem parte do Programa de Inclusão de Pessoas com Déficit Intelectual da APAE/DF e começaram a trabalhar na Seção de Arquivo com a restauração e higienização dos documentos. Esse é o primeiro emprego deles.

O trabalho com carteira assinada e com todos os diretos trabalhistas garantidos é uma conquista importante. Para a pedagoga Ana Maria Simeão, supervisora da APAE aqui no Tribunal, essa é uma grande vitória. Ela, que já trabalha com educação especial há 18 anos, sente-se edificada com a realização do sonho de vê-los no mercado de trabalho. “Sinto que eles foram verdadeiramente incluídos, e esse é o nosso maior objetivo”, justifica.

A coordenadora de Gestão Documental e Memória Institucional, Kathya Bezerra, também está contente com a contratação dos quatro. Admirada com a força de vontade e com a dedicação dos rapazes, ela nos conta que eles são muito responsáveis, pontuais e superaram suas expectativas. “São todos muito bons profissionais e demonstram comprometimento com o serviço, além disso, o carinho e a simpatia deles nos conquistaram. Estou encantada com todos eles”, declara.

Profissionais
Haroldo, de 25 anos, destaca-se por sua delicadeza e simpatia. Poeta, pintor e desenhista, ele vê na arte uma maneira de expressar-se. Vir trabalhar no Supremo deixou sua família muito satisfeita. Segundo Haroldo, esse momento é visto como uma oportunidade de conhecer o mundo: “Sabe quando você passa a vida inteira cuidando de um passarinho até ele ganhar forças para abrir asas e voar? Assim estou me sentido. Agora estamos prontos para voar, estamos abrindo as asas e voando. O mundo está aí e nós nos preparamos para enfrentá-lo”, justifica. Ele é um dos primeiros a chegar ao trabalho e é quem organiza as ferramentas e separa seu material para executar suas atividades. “Para mim, este trabalho é muito importante, porque estamos ajudando a recuperar a história, de um certo modo”, avalia. Haroldo se diz muito contente com o primeiro emprego, pois agora poderá ganhar seu dinheiro e ajudar a família.

Já Adriano (28), o mais velho da turma, é tímido e reservado. Não é muito de conversar, mas distribui alegria e revela vontade de trabalhar. Ele mora com a mãe e os sete irmãos em Planaltina-DF. Com o emprego no Tribunal, vai poder ajudar a família e, quem sabe, pensar num futuro com mais oportunidades. “Agora vou poder ajudar em casa, e principalmente minha mãe, que está desempregada”, declara.

Seu colega Guilhermo (26) esbanja simpatia. De um carisma contagiante, ficou à vontade para contar com entusiasmo o grande presente que recebeu no começo do ano: “Queria muito trabalhar, pedi a Deus que me desse um emprego e fiquei muito feliz quando soube da notícia, ainda mais porque descobri que iria ficar ao lado da minha amiga Ana Maria”, diz. Evangélico, acredita que Deus atendeu suas orações e conta com emoção esse momento: “A alegria foi tanta que chorei muito e agradeci a Jesus por este emprego”. A esperança não para por aqui. Gilhermo pretende realizar outros sonhos, como o de aprender a ler e a escrever.

Diego (18), o caçula da turma, é tímido como o amigo Adriano, mas expressa enorme gratidão pelo primeiro emprego. Pontual e cuidadoso com sua aparência, procura sempre fazer o melhor que pode como higienizador de documentos e se diz satisfeito por trabalhar na Seção de Arquivo. Ele mora só com a mãe, a única a sustentar a família até então. Diego diz não gostar muito de estudar, mas prometeu se dedicar à profissão, a qual fez dele o novo homem da casa.

Os quatro jovens já se preparam para essa profissão há três anos por meio do Projeto de Higienização, Conservação e Pequenos Reparos de Bens Culturais da Universidade de Brasília (UnB), que faz parceria com a APAE desde 2006. Esse projeto visa à geração de renda para pessoas com deficiência intelectual e múltipla, por meio da qualificação profissional.

O projeto procura estabelecer contatos com outras instituições para viabilizar a contratação desses aprendizes qualificados, seja por meio da modalidade de emprego competitivo tradicional, seja pelo emprego apoiado - quando um ou mais aprendizes são contratados para trabalhar tendo o respaldo constante de um instrutor - como é o caso do STF.

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